Algumas curiosidades:
Certa
vez, vi uma matéria na tv sobre um menino que fazia miniaturas de
latinhas recicláveis. O menino era encantador e suas criações eram perfeitas.
Nunca mais esqueci a cena do garoto
fabricando minúsculos objetos,
todos irretocáveis. De um
certo modo, Miro – Valdomiro Silveira – personagem de Rua Âmbar, é inspirado na
imagem daquele menino.
Cenário
Escolhi
como cenário para Rua Âmbar a praia de Mariscal, porque é um lugar belíssimo,
que conheço e frequento há mais de trinta anos. Achei que seria um lugar muito
apropriado para o menino Miro morar e
cultivar sua arte, seus amigos e suas fantasias. Mariscal fica no município de
Bombinhas, na costa esmeralda de Santa Catarina – Brasil.
Costuras
O
capítulo intitulado CASA 109 foi o
capítulo mais caprichoso de todos. Tirei-o várias vezes do livro e voltava a
inseri-lo. Tirava e colocava, até que, deixei o livro na gaveta durante alguns
meses e fui viver e seguir o tropel da vida, e cuidar de outros projetos. Quando retomei à
obra, reescrevi-a do início ao fim. Na reescrita, descobri o tipo de costura
que precisava fazer para inserir definitivamente o capítulo na história.
Levei um bom tempo compondo os diálogos ( há vários na obra). Foram inúmeras reescrituras. A conversa da mala com o jarro teve várias versões até chegar à definitiva. Eu não queria uma mala que carregasse roupas. Não queria uma bagagem tão óbvia. Queria algo da ordem do sonho. ( Veja um trecho da conversa no blog)
Curti muito escrever o diálogo de Miro com a formiga-ruiva. Formigas sempre me encantaram. Na infância, passava horas observando-as em suas idas e vindas para o formigueiro, carregadas de folhas picadas. Jogava farelo de pão em seus caminhos para vê-las carregar.
A
Cigarra e a Formiga é uma fábula que gosto demais e, talvez, por isso, o
diálogo acabou puxando uma pontinha da fábula para dentro do diálogo da formiga
com Miro. E, quem diria? Acredite, se quiser, as formigas já foram cantoras....
O diálogo do bule com a concha custou a ficar do meu gosto ( e espero do gosto do leitor). Nem o bule, nem a concha foram obedientes ao meu comando e quiseram se governar o tempo todo. Mas, depois se acomodaram em suas moradas de palavras e ficaram felizes para sempre. O bule já foi morada de algas e corais, e a concha foi, bem... foi algo inusitado.....
A casa assombrada
As cenas que narram a visita de Miro à
casa assombrada foram trabalhosas. O menino
percorre toda a casa, cômodo por cômodo. Foram dias e dias conduzindo o Miro de
um cômodo a outro. Entra num quarto, em outro, em mais outro, passa para a sala,
cozinha, quintal.... O que é lido numa
passada de olhos pode ter levado semanas para ser construído palavra por
palavra, uma ganhando da outra, para expressar a cena do modo mais cintilante
possível. Na vida real é tão simples abrir uma porta e
entrar em uma peça da casa. Porém, quando
a casa é de palavras – casa escrita - este ato corriqueiro torna-se lento e se
concretiza à custa de muito trabalho. Todo cuidado é pouco para que a edificação não
desmorone como um castelo de cartas.
Lalo
Lalo é o pai Miro. Não queria que acontecesse “aquilo” com ele, mas não pude evitar. Mudei várias vezes o destino deste personagem, mas acabava voltando ao primeiro destino que lhe dei na narrativa. O Lalo não aceitava outro destino e não pude fazer nada. Se mudasse seu destino, quebrava a história, desparafusava tudo, a história virava um caos. As miniaturas disseram que o barco do Lalo virou morada de sereias, no fundo do mar, e eu acredito nisso. Acredito, também, nas outras coisas que elas disseram sobre “aquele acontecimento”, que pegou o Lalo de surpresa. Se me der a honra de ler RUA Âmbar, vai saber sobre o destino de Lalo ( Leopoldo).
Coincidências
Uma vez fui a Zimbros dar uma volta e vi uma cena real que parecia ter saído de Ruas Âmbar. Fiquei muito impressionada. Um pescador estava consertando uma rede debaixo de uma árvore. Quando ele se virou e olhei sua figura, fiquei espantada , pois ele era tal qual o Lalo, pai do Miro. Não compus a figura de Lalo à semelhança de ninguém que eu conhecesse. Descrevi-o com os olhos da imaginação. Claro que conheço muitos pescadores da costa esmeralda. Mas aquele pescador de Zimbros eu nunca vira e ele era tal qual o “meu Lalo”. Falei para o meu marido: aquele ali é o Lalo. “Que Lalo?” – ele perguntou. “O Lalo, de Rua Âmbar”, eu disse e ele riu. Mas eu não estava brincando.
Lalo
Lalo é o pai Miro. Não queria que acontecesse “aquilo” com ele, mas não pude evitar. Mudei várias vezes o destino deste personagem, mas acabava voltando ao primeiro destino que lhe dei na narrativa. O Lalo não aceitava outro destino e não pude fazer nada. Se mudasse seu destino, quebrava a história, desparafusava tudo, a história virava um caos. As miniaturas disseram que o barco do Lalo virou morada de sereias, no fundo do mar, e eu acredito nisso. Acredito, também, nas outras coisas que elas disseram sobre “aquele acontecimento”, que pegou o Lalo de surpresa. Se me der a honra de ler RUA Âmbar, vai saber sobre o destino de Lalo ( Leopoldo).
Coincidências
Uma vez fui a Zimbros dar uma volta e vi uma cena real que parecia ter saído de Ruas Âmbar. Fiquei muito impressionada. Um pescador estava consertando uma rede debaixo de uma árvore. Quando ele se virou e olhei sua figura, fiquei espantada , pois ele era tal qual o Lalo, pai do Miro. Não compus a figura de Lalo à semelhança de ninguém que eu conhecesse. Descrevi-o com os olhos da imaginação. Claro que conheço muitos pescadores da costa esmeralda. Mas aquele pescador de Zimbros eu nunca vira e ele era tal qual o “meu Lalo”. Falei para o meu marido: aquele ali é o Lalo. “Que Lalo?” – ele perguntou. “O Lalo, de Rua Âmbar”, eu disse e ele riu. Mas eu não estava brincando.
As ilustrações
Quando
e editora Saraiva pediu a indicação de uma ilustradora de Santa Catarina, para
ilustrar Rua Âmbar, indiquei vivamente a
ilustradora Marcia Cardeal, cujo trabalho artístico admiro e amo há muitos
anos. Era um sonho meu fazer um trabalho com Márcia e aconteceu a coincidência
de este sonho se realizar justamente com RUA ÂMBAR, que é uma obra ambientada
em Santa Catarina.
Márcia
veio em minha casa ( uma honra enorme e um acontecimento inédito) e fomos a
Mariscal fotografar o cenário da obra. Uma visita emocionante, mágica e
inesquecível.
Amei
as imagens de Márcia, especialmente a imagem em que aparece Miro e a cobra
azul-turquesa. Esta será sempre a minha preferida, embora ame todas as outras
também.
No
livro, a imagem não está igualzinha à original, pois houve consenso em tirar a
janela e a cortina para dar destaque à cobra e ao Miro. Concordei com a modificação,
entendi que era bom mesmo dar destaque ao Miro e à cobra, mas mantenho no blog
a cena original.
Originalmente a imagem era assim:
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