Rua
Âmbar é um livro que, dentre outras coisas, celebra a imaginação poética. O
menino Miro é quem puxa a alça da fantasia e promove as idas e vindas entre a
realidade e o sonho. Ele inventa miniaturas de objetos a partir de latinhas
recicláveis.
Companheiras
de infância do menino, as miniaturas, tal qual o seu inventor, têm a imaginação
solta e dão voltas ao mundo até a mãe de Miro gritar: “Miroooo!”. Ao som do
grito elas voltam para a caixa debaixo da cama até a próxima rodada de conversas
e histórias que o menino irá promover.
Há um
bule que já morou no fundo do mar, um jarro que vivia bordado em uma cortina,
uma concha que foi um pensamento do Miro
que caiu no mar e virou concha, uma mala que pertenceu a um colecionador de
sombras, a um pesquisador de suspiros de jardim, a um capturador e assoprador
de palavras, dentre outros donos ( a mala nunca carregou roupas).
Na
hora em que Miro enfrenta a perda do pai, em um naufrágio no alto-mar, as
miniaturas participam como coadjuvantes simbólicas na elaboração do sofrimento
e da saudade do menino.
As
miniaturas são apenas uma parte das vivências mágicas do livro. Miro mora na
Rua Ametista, porém, sua rua preferida é a Âmbar.
A Âmbar tem as frutas mais doces do bairro, a
casa assombrada onde moram a tainha, a cobra que passa a vida se transfomando
em “outros” para fazer a experiência da outridade, a formiga que queria cantar
como uma cigarra, a rã que queria namorar um cachorro, e a bruxa da costa esmeralda – uma bruxa
diferente e no exercício pleno de sua
bruxidade. Também ficam na Âmbar a casa 109, dos amigos Quin, Isa e Matita,
e a casa creme da moça que ajudou Miro a
se alfabetizar.
Rua
Âmbar é uma história de pertencimento e memória. Miro poderá se mudar de
Mariscal, um dia, mas levará a Âmbar para onde for. Será sempre o chão sagrado
que ele vai pisar para sempre, pois,
levamos as ruas, as casas, as paisagens de nossa infância para onde quer
que formos.
"Cara escritora,
Li Rua Âmbar numa tacada.
Como fiz com outros livros seus. É porque seus livros tem uma linguagem que
cativa e dá vontade de ler. E tem uma coisa: há uma energia boa fluindo nas
suas páginas. Uma energia que eleva e faz bem ao coração. Só nos livros de
Lobato eu encontro essa energia que tem nos teus livros, Eloí. Acho
que você, com sua linguagem, abriga, acolhe, junta coisas quebradas dentro de
nós. Não sei explicar bem como isso funciona, mas sinto
assim. Parabéns por mais esta obra bela. Sempre vou me lembrar de
Miro e de sua rua preferida”.
Zélia Gomes da Silva
Curitiba/PR
E-mail de 23/10/2013